Por Maurício Palma Nogueira
A iminente aceleração no processo de exclusão de pequenos produtores é uma questão pouco discutida nas mesas dedicadas a debater sustentabilidade na pecuária.
Pergunta-se sempre como frear o desmatamento ilegal, sem levar em conta o diagnóstico correto sobre as causas do desamamento. Enquanto a produção pecuária for apontada como causa, o problema não será resolvido. Estamos insistindo incansavelmente nesse ponto.
A realidade sobre a produção de carne leva a atividade no sentido inverso, ocupando áreas cada vez menores para obter a mesma produção. Os produtores mais atentos estão aportando cada vez mais tecnologia, representando uma proporção cada vez maior no total de animais vendidos para o abate.
Nos últimos 10 anos, a pecuária nacional aumentou a produtividade em 2,3% ao ano, enquanto o público do Rally vem aumentando no ritmo de 5,7% ao ano.
Proprietários de áreas de baixa produtividade tendem a desaparecer nos próximos anos.
Uma das principais perguntas que precisam ser feitas, dentro da agenda de sustentabilidade, é o que faremos para garantir o sustento e a dignidade destes pequenos produtores? E o que será feito das áreas que irão sobrar, caso não haja demanda por compra de terras ou arrendamentos?
Maurício Palma Nogueira é engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária