A influência do peso médio do rebanho nos indicadores

Por Maurício Palma Nogueira

Embora ainda faltem os dados de outubro a dezembro, o abate fiscalizado de bovinos durante 2022 ficará em torno de 30 milhões de cabeças. O montante inclui os sistemas de fiscalizações federal, estadual e municipal que, somados, representaram cerca 75% do total abatido no ano.

O abate formal de 2022 será igual ao abate total de 2007, 15 anos antes, gerando dúvidas em relação às estatísticas nacionais. Com o atual rebanho cerca de 28 milhões de cabeças maior, o que explicaria o fato de continuarmos abatendo a mesma quantidade diante de tantos avanços tecnológicos ocorridos no período?

Diversos fatores explicam essa aparente discrepância. E todos eles estão relacionados ao enxugamento do estoque de animais ao longo dos últimos anos.

Como temos explorado com frequência nos relatórios periódicos da Athenagro, a pecuária brasileira vem mudando drasticamente reduzindo a idade média de abate e, consequentemente, alterando a estrutura média do rebanho.

Bem provável que a maior parte da quantidade de animais excedentes do rebanho tenha sido consumida no período entre 2005 e 2010, possibilitando que a pecuária iniciasse a década seguinte em ritmo mais acelerado de implementação tecnológica.

Em 2007, por exemplo, as 30 milhões de cabeças abatidas no mercado formal renderam 7 milhões de toneladas de carcaça. Em 2022, as mesmas quase 30 milhões de cabeças renderam quase 8 milhões de toneladas de carcaça.

Vale ressaltar que, nessa análise, foram consideradas apenas as informações do mercado formal, que passa por fiscalização. O abate total de 2022 ficará por volta das 42,3 milhões de cabeças que renderam cerca de 10,5 milhões de toneladas de carne.

Sendo assim, duas observações precisam ser consideradas em relação à comparação de ambos os períodos. A primeira é que se deve sempre comparar períodos de três a quatro anos e não apenas os dados de um ano. É possível que um determinado ano concentre um excesso de desova ou retenção de animais, o que causaria erros nas conclusões.

O outro fator é a questão da produtividade dos animais, que envolve idade e peso médio de abate. É essencial sempre comparar o abate com a quantidade de carne produzida. Veja que, no exemplo, a produção de carne do último ano foi 12,8% superior ao que foi obtido em 2007 com praticamente o mesmo número de animais abatidos.

Por fim, outra questão pouco comentada que também impacta fortemente essas comparações. Os ganhos de produtividade alteram a estrutura do rebanho que, consequentemente, acaba impactando o peso médio dos animais em estoque. Os bovinos, de mamando a caducando, atuais pesam 1,5@ a menos do que pesavam há 30 anos.

É por essa razão que há uma aparente estagnação na taxa de abate (desfrute em cabeças) em torno dos 20% de animais abatidos em relação ao rebanho total. Quando o cálculo é feito pela produção comparada ao total de peso bovino em estoque, conclui-se que o desfrute (em peso) saltou da faixa dos 18% para os atuais 34%.

Praticamente dobrou em 30 anos.

Nos próximos dias, os números e gráficos que sustentam essa análise serão incorporados a um artigo mais completo, que será enviado aos produtores e técnicos que responderam um dos questionários do Rally da Pecuária.

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Maurício Palma Nogueira é engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária

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