São Paulo – Na bovinocultura, duas formas de aumentar em produtividade são com abertura de pasto e introdução de tecnologia dentro da porteira. O setor tem investido na recria e deve expandir o confinamento, mas ainda precisará de R$ 30 bilhões para reforma de 19 milhões de hectares de pastagens até o final de 2016.
Na avaliação da Agroconsult, o País conta com cinco milhões de hectares já degradados, onde seria necessário entre R$ 2,5 e R$ 3 mil por hectare para a reforma. Outros 14 milhões de hectares estão em condições pouco superiores e carecem de R$ 1,5 mil por hectare, em média, para restauração. Com base nestes custos foi possível atingir o montante de R$ 30 bilhões para atender estas áreas mais precárias.
Pastos
O sócio e coordenador da divisão pecuária da Agroconsult, Maurício Nogueira, conta que, economicamente, o setor tem condições de realizar aportes neste nível, porém, surgiria uma preocupação em relação ao fluxo de caixa. “A pecuária tem um grande potencial, mas quando se fala em aumentar pasto isso envolve investimento em rebanho. Neste ponto passa a ser interessante a participação de agentes financeiros”.
Existem linhas de crédito disponíveis e este segmento possui um percentual maior de capital líquido. Com isso, o risco nas operações de crédito, para o banco, é inferior quando comparado ao do setor agrícola, que é suscetível a perdas mais intensas diante de problemas climáticos.
“O pecuarista precisa de uma forma ordenada na hora de investir, o que demanda uma gestão um pouco mais sofisticada. A primeira necessidade é que as informações cheguem até o produtor”, acrescenta o especialista.
Dados da consultoria apurados no Rally da Pecuária do ano passado mostram que apenas 10,1% dos criadores fazem reforma de pastagens para ganharem produtividade. A falta de gestão pode ser um dos motivos que faz com que este indicador ainda esteja em patamares baixos. A principal medida é a aplicação de herbicidas, realizada por 16,6%.
Confinamento
Diante deste cenário para a abertura de áreas, a introdução de tecnologia através de nutrição animal no confinamento vem crescendo ano após ano.
Em projeções primárias, estima-se que serão terminadas cerca de cinco milhões de cabeças de gado em confinamento neste ano, um aumento de 400 mil animais em relação ao mesmo período de 2014.
Em linhas gerais, atualmente, os bois são abatidos cada vez mais cedo, com carcaças mais pesadas e com um número maior de animais por hectare. Parte disso se deve ao ato de confinar. “Para este ano a oferta total de bovinos abatidos no Brasil vai aumentar, mas ainda assim será inferior à demanda” enfatiza Nogueira.
Stefan Mihailov, presidente da Phibro do Brasil – companhia global de nutrição e saúde animal – reconhece que a alta nos preços de insumos em dólar deve apertar as margens de renda do setor. Entretanto, uma saída para se manter no mercado é justamente intensificar a produção.
“Se a gente produz mais carne por hectare, tiramos o boi mais cedo do pasto e teremos um impacto ambiental menor”, diz o executivo sobre o carbono emitido pelo gado.
A Phibro está divulgando o conceito ‘Boi 7-7-7’ que consiste no alcance de 21 arrobas em 24 meses, através de sete no desmame, sete na recria e mais sete na terminação.
Rally 2015
As declarações foram dadas durante o lançamento da edição 2015 do Rally da Pecuária, realizado pela consultoria, neste ano com a parceria com a Sociedade Rural Brasileira (SRB). A expedição passará por onze estados e fará a cobertura de mais de 83% do rebanho nacional. “Passamos a integrar o rali com o Circuito Rural. Levaremos palestras e um dos grandes focos é a sustentabilidade”, diz o presidente da SRB, Gustavo Diniz Junqueira.
Fonte da Notícia
DCI