Um movimento de entidades e políticos paranaenses, para tentar antecipar a retirada da obrigatoriedade da vacinação contra a febre aftosa, preocupa pecuaristas de Maringá, no Paraná.
A região mais conhecida por sua vocação no cultivo de grãos e cana-de-açúcar também abriga rebanho
bovino, que está crescendo por causa da aplicação de sistemas de Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), incentivado por cooperativas locais. “O problema é que não somos autossuficientes na criação de bezerros”, afirmou ao Broadcast Agro o pecuarista e diretor da Sociedade Rural de Maringá (SRM) Ricardo Pulzatto, durante o evento de abertura do Rally da Pecuária na cidade, cuja Equipe 2 tem a participação do Broadcast Agro.
Na região, pecuaristas dependem da oferta de animais de reposição de Estados, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais e até do Pará. Caso, o Paraná se torne uma área livre de aftosa sem vacinação, não poderá mais receber animais de regiões que ainda não têm o mesmo status sanitário.
Atualmente, no Brasil, apenas Santa Catarina é livre da doença sem a obrigatoriedade da imunização, com status reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
O Ministério da Agricultura está desenvolvendo um projeto para retirar a obrigatoriedade de vacinação de
todo o território nacional, com um Plano Estratégico dentro do Programa Nacional de Erradicação e
Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), que prevê a retirada total da vacinação no País até 2023. Para a
retirada gradativa da vacinação, dividiu o País em cinco blocos. O Bloco V é composto, além de Mato
Grosso, por Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. A retirada está prevista para começar no ano que vem com o Bloco I, no Acre e em Rondônia. A expectativa é de que o rebanho do Bloco V seja
vacinado pela última vez em 2021. O movimento ao qual a Sociedade Rural de Maringá é contra quer
colocar o Paraná no bloco I.
“Não somos contra a retirada da vacina, só não queremos antecipar”, disse a presidente da SRM, Maria
Iraclézia de Araújo. Para ela, a antecipação pode gerar distúrbios no mercado local que terá dificuldades de adquirir animais para engorda.
A representante afirma que os produtores rurais locais já estão bastante desgastados e com um sentimento de insegurança em virtude dos últimos acontecimentos, como a greve de caminhoneiros. “Além disso, a estiagem prejudicou muito este ano e o milho virá muito mais caro para os pecuaristas”, disse. Ela se preocupa também com o ano eleitoral. “Precisamos de políticas públicas mais firmes que garantam o trabalho no campo e, por enquanto, está tudo muito nebuloso”, disse ela sobre a corrida eleitoral.
A Equipe 2 do Rally da Pecuária segue hoje para Nova Andradina (MS). (Camila Turtelli*, camila.turtelli@estadao.com)
* A jornalista viajou a convite do Rally do Pecuária
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