Quais foram os recordes no abate de bovinos em 2024?

Por Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária

Com o total de 39,27 milhões de cabeças abatidas em 2024, o IBGE registrou o maior abate da história no mercado formal. Foram 5,17 milhões de cabeças a mais do que em 2023. E o total superou em 4,86 milhões de cabeças o recorde anterior, registrado em 2013.

Foi o recorde do abate de fêmeas que, com um total de 16,9 milhões de cabeças, superou em 2,44 milhões o total registrado em 2013, a maior marca até então.

Em 2024 também foi registrado o recorde no abate de machos. Com 22,37 milhões de cabeças, o total superou em 2,43 milhões de cabeças o maior montante já abatido, também em 2013.

Em 2013, as fêmeas representaram 42,04% do abate. Em 2024 somaram 43,04% do abate, exatamente um ponto percentual a mais, a terceira maior proporção registrada na série histórica do IBGE.

As maiores proporções de fêmeas no abate foram 43,31% e 43,35% registradas, respectivamente, em 2005 e 2006. Na época se alardeou que haveria um apagão de bezerros, o suficiente para inviabilizar a pecuária.

Em 2005/2006 as novilhas representaram 6,5% do abate total. Em 2013, a mesma categoria respondeu por 8,9% do abate. Agora, em 2024, as novilhas somaram 13,46% do total do abate, essa sim, a maior proporção já registrada na história.

Em relação a 2023, o aumento no abate de novilhas, vacas e machos foi, respectivamente, de 1,11 milhão, 1,59 milhão e 2,47 milhões de cabeças.

Diante da composição do abate, cabe a pergunta: em relação às fêmeas, quanto pode ser explicado pelo aumento de produtividade e quanto pelo descarte indiscriminado, e sem critérios, de matrizes?

É preciso levar em consideração que o descarte de matrizes não é um acidente de percurso na pecuária. É esperado e até desejado. Outro ponto importante é que nem todas as fêmeas nascerão com o propósito de se tornarem reprodutoras. Parte delas serão direcionadas à recria e engorda.

Como temos alertado desde meados de 2024, o recorde na produção em 2024 não é explicado apenas pelo descarte de matrizes. Embora tenha ocorrido, conforme esperado em períodos de baixa no ciclo, o aumento da quantidade de machos e de novilhas (fêmeas de até 24 meses) confirma que se trata de uma resposta do aumento na produtividade pecuária. 

Nem toda as fêmeas abatidas representam liquidação de matrizes. É um erro desconsiderar a variável produtividade na análise dos dados de 2024. 

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