Por Maurício Palma Nogueira
Na pecuária, a produtividade depende basicamente de duas dimensões: ganho individual dos animais e quantidade de animais por área.
Ao longo dos últimos anos, os produtores brasileiros investiram em ambas as dimensões, aumentando a produtividade em mais de 190% entre 1990 e 2022.
No entanto, o investimento no componente zootécnico, referente aos ganhos por animais, foi mais intenso do que o investimento no aumento da lotação por área, ou seja, na produção de forragens e alimentos volumosos nas propriedades.
Esse aparente desequilíbrio no investimento nas diferentes dimensões tecnológicas não deve ser visto como frustração. Há uma lógica econômica por trás do comportamento.
Antes de aumentar a lotação por área, é fundamental que o desempenho zootécnico esteja otimizado. Caso contrário, o produtor corre o risco de escalar, por área, ineficiências produtivas.
Imagine aumentar a quantidade de animais de baixa produtividade em uma determinada fazenda. Ao invés de aumentar o lucro, o produtor corre o risco de multiplicar os maus resultados.
Ao longo dos anos, os investimentos estão dentro do esperado.
A velocidade no aumento de produtividade parece baixa, mas é preciso considerar dois fatores de alto impacto nessa lentidão. O primeiro é o característico longo ciclo de produção na pecuária, além do próprio valor dos animais, o que exige investimentos mais expressivos no aumento da produtividade.
O segundo é a quantidade de produtores envolvidos e o tamanho da área ocupada pela pecuária. A mobilização tende a ser mais lenta.
A intensidade no investimento em pastagens aumentará nos próximos anos.
Maurício Palma Nogueira é engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária