A integração entre lavoura e pecuária é opção adotada por parte dos pecuaristas sul-mato-grossenses para garantir a qualidade de pastagens, reduzir custos e minimizar a volatilidade nos resultados financeiros.
No caso da Fazenda Campanário, no município de Caarapó, culturas como soja e milho e a produção de bovinos para o abate estão integradas de modo que ambas são consideradas a atividade-fim da empresa. “A agricultura é para dar dinheiro e a pecuária também”, define Alberto Asato, diretor da propriedade. A propriedade, de 37 mil hectares, dos quais 6 mil ocupados por pastagens, termina todos os bois em confinamento e essa modalidade de engorda também é favorecida pelo investimento em múltiplas culturas.
Parte da produção de milho é redirecionada para a ração dos animais, o que permite à fazenda obter ganhos com a venda da safra para sua outra operação e reduzir despesas na pecuária, já que alguns custos não incidem sobre o produto em questão, como o frete. A diretoria da fazenda considera as atividades como dois centros distintos de custos e de receitas. A diferença contábil visa a preservar o controle sobre os negócios da empresa.
No entanto, Asato afirma que o fluxo de caixa é único, com os rendimentos do boi em confinamento ajudando na compra de adubos no segundo semestre, ao passo que a venda da safra de grãos contribui para minimizar o impacto da reposição dos animais. A aposta em mais de uma atividade na fazenda é considerada pelo administrador uma estratégia para minimizar a volatilidade do clima sobre as produções. Segundo ele, a fazenda fica em região intermediária entre áreas de clima tropical e temperado, o que dificulta previsões meteorológicas e interfere no rendimento das atividades.
Limites
Por demandar uma gestão mais eficaz e o emprego de técnicas mais sofisticadas, a integração lavoura-pecuária não deve ser adotada por todos os produtores, segundo analistas. “A integração virou moda mas, se o pecuarista não tem condições de aumentar o uso de tecnologias na fazenda, o ideal é que não o faça. Mas, se tiver interesse, é importante consultar especialistas”, afirma Jairo Guida Filho, supervisor de pesquisa da Heringer. O coordenador do Rally da Pecuária, Mauricio Nogueira, da Agroconsult, também defende que o modelo não pode ser adotado em todas as propriedades. “A integração é fantástica, mas não podemos torná-la uma solução para tudo. O Brasil é um País de muitos outros sistemas produtivos”, diz.
Fonte: Renato Oselame* – Agência Estado
(*O jornalista viajou a convite da Agroconsult)
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Agência Estado