Perspectiva é de aumento entre 11% e 12% no volume de exportações e de alta no número de animais confinados para 5,5 milhões de exemplares; pecuarista volta a investir em tecnologia
O aumento do abate de fêmeas deve fazer com que o número de bovinos abatidos neste ano no Brasil chegue a 41 milhões de cabeças, um incremento de 9% em relação ao ano passado, projetou nesta quarta-feira (19) o sócio-diretor da consultoria Athenagro, Maurício Palma Nogueira.
“O abate das fêmeas que ficaram no rebanho deve fazer com que a maior produção aconteça neste ano. Em 2019, contudo, a menor oferta de bezerros deve fazer com que os abates atinjam 39 milhões de cabeças”, afirmou, durante a coletiva que apresentou resultados do Rally da Pecuária de 2018. “Esse é um movimento de ajuste de rebanho, típico de virada de ciclo pecuário. Acreditamos que ele já esteja em alta, mas esperamos que a baixa entrará mais cedo também”, acrescenta o coordenador da expedição.
De acordo com Nogueira, o número de animais confinados entre os entrevistados durante o rally cresceu 9,5% neste ano ante 2017, com estimativa de terminação em cocho de 890 mil cabeças. “Acreditamos que o confinamento no Brasil deve aumentar de 400 a 500 mil cabeças, mesmo com um primeiro semestre ruim e com muitos confinadores grandes dizendo que não vão confinar”, diz.Ele projeta que o número de animais terminados em cocho no Brasil deve chegar a 5,5 milhões de cabeças “Mas acredito que esse número está subestimado”, destaca.
Ainda segundo Nogueira, as exportações de carne bovina também devem crescer neste ano entre 11% e 12% em volume ante os embarques do ano passado, para uma quantidade entre 1,9 milhões de toneladas e 2 milhões de toneladas. “Mantemos nossa perspectiva de crescimento e esperamos que o volume possa fechar o ano próximo desse patamar, mas não muito maior do que isso.”
Ele explica que o ano começou com crescimento de 30% em volume nas exportações de carne bovina, mas tendo como base de comparação um início de ano muito ruim em 2017. “Tivemos uma compensação em julho, com recorde em receita, e em agosto, com o maior volume em toneladas métricas. A tendência, agora, é de que os embarques voltem aos patamares normais.”
A perspectiva positiva para a pecuária também leva em consideração que concorrentes como a carne de frango tiveram mais dificuldades no ano. “Mesmo que a economia não esteja boa, o frango sofreu mais com a greve dos caminhoneiros e com a relação de troca com o valor do milho do que a pecuária.”
Ele ainda acrescentou que a valorização da moeda norte americana não tem impacto relevante nos preços da arroba, embora a mantenha firme e estimule as compras.
Produtividade
Os resultados da expedição mostraram que a produtividade da pecuária brasileira voltou a subir. Entre os produtores que fazem ciclo completo (cria, recria e engorda), o aumento médio foi de 23% ante 2017, de 8,3 arrobas por hectare ao ano para 10,3 arrobas por hectare ano. Em cinco anos a produtividade média do público do rally aumentou 17%.
Esse aumento ocorreu ainda que os custos de produção tenham aumentado 22% no confinamento em 2018 em relação ao ano passado. “Esse incremento no custo é resultado da elevação dos custos de insumos – muitos deles precificados em dólar – e do milho. “Estamos preocupados que os custos vão subir mais do que gostaríamos no ano que vem.”
De acordo com o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, o câmbio deve prevalecer na formação do preço do milho, um dos principais insumos para a atividade. “Já sabemos o tamanho da oferta e da demanda. O que vai determinar é basicamente o câmbio, que depende do resultado das eleições”, destaca.
Ele acrescenta que a tendência é que se tenha estoques mais elevados com o recuo nos embarques o que, em tese, contribuiria para um cenário de baixa nas cotações.
Tecnologia
Conforme Nogueira, a expedição mostrou ainda que a margem dos produtores recuou, mas que o pecuarista manteve o investimento em tecnologias como melhora no manejo de pasto ou intensificação por meio de confinamento de animais, por exemplo.
“Percebemos que a pecuária caminha para produção focada em maior produtividade e um pacote tecnológico maior e passa a ser intolerante com um quem usa um menos tecnologia. A atividade está se aproximando da realidade da agricultura”, destaca Nogueira.
Conforme o diretor de relações com o pecuarista da JBS, Fábio Dias, por muito tempo a tecnologia foi associada a um produto mais caro, o que não condiz com a realidade na avaliação dele. “Para nós, a intensificação melhora a qualidade e a padronização do produto”, destaca Dias.
Fonte da Notícia
DCI – MARCELA CAETANO