Por Maurício Palma Nogueira
No início dos anos 1990, a agropecuária brasileira ocupava 248 milhões de hectares para produzir um total de 342 milhões de toneladas de produtos de origem vegetal e animal. Para este cálculo, soma-se toda a produção cujas estatísticas estão disponíveis (grãos, algodão, café, laranja, cana, eucalipto, frutas, legumes, carnes, leite, lã, ovos, etc.). A produtividade naquele momento era de 1,37 tonelada por hectare/ano.
Desde então toda a dinâmica do agro brasileiro vem se desenvolvendo. Em 1990, a área de plantio direto no Brasil, por exemplo, era incipiente e insignificante. Muita área foi incorporada por desmatamentos legais e ilegais, mas outras também foram perdidas para o processo de regeneração, que geralmente ocorre quando pastos degradados param de ser utilizados iniciando os diversos estágios da retomada da vegetação original.
Embora as fazendas sejam maiores e a área cadastrada também, conforme números divulgados pela Embrapa Territorial, o agro chega em 2022 ocupando um total efetivo de 238 milhões de hectares, 4% a menos do que ocupava em 1991.
Com o total produzido estimado em 1.200 milhões de toneladas (1,2 bilhão) a produtividade do agro brasileiro chegou a 5 toneladas/ha/ano, 265% maior do que no início dos anos 1990.
Se a produtividade não tivesse evoluído, a mesma produção só seria obtida com uma área de 870 milhões de hectares. O cálculo é apenas uma referência, visto que a área do Brasil é de 851 milhões de hectares, quase 20 milhões a menos do que seria necessário para produzir o que se produz hoje, com a produtividade do início dos anos 1990.
A produção de origem animal, no período, aumentou 2,8 vezes. Ainda assim, no total, os produtos de origem animal representaram 7,4% da produção em 1991. Em 2022 representaram 5,8% do total.
Entre 1991 e 2022, a área destinada à agricultura aumentou 55,8%. As áreas de segunda e terceira safras não são somadas para não contabilizar em duplicidade. A área de pastagens recuou 22% no período.
Maurício Palma Nogueira é engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária