A cadeia da carne bovina no país movimentou R$ 380 bilhões em 2014, segundo estimativa da Agroconsult. Este é um dado inédito elaborado pela consultoria, a pedido da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). Dono do maior rebanho comercial do mundo, o Brasil é maior exportador e segundo maior produtor de carne bovina do planeta.
Desde 2009, o setor também vem evoluindo no controle socioambiental da cadeia. O esforço feito pelas indústrias brasileiras é reconhecido internacionalmente. Restam, no entanto, muitos desafios para o setor, como a efetiva implantação do Código Florestal, a intensificação da pecuária e a redução do desmatamento na cadeia.
No ano passado, a ABIEC assinou um Acordo de Cooperação Técnica com o Ministério Público Federal. O objetivo, entre outros, é o desenvolvimento de uma pecuária sustentável em diversas frentes, entre elas evitar que a indústria brasileira compre carne bovina procedente de áreas desmatadas na Amazônia ou onde tenham sido constatadas outras irregularidades ambientais e sociais.
“O Brasil está bem posicionado para atender o crescimento da demanda mundial por carne vermelha. E seguramente temos como equilibrar o aumento da produção com os desafios da preservação ambiental e das mudanças climáticas” afirma Antônio Jorge Camardelli, presidente da ABIEC.
Os resultados deste primeiro ano de trabalho integram uma apresentação especial, realizada neste dia 6 de agosto, no Centro Britânico Brasileiro e conta com presença de executivos da ABIEC, Agroconsult, Agroicone e Ministério Público Federal.
Protocolo Socioambiental da Indústria da Carne Bovina
Uma das iniciativas apresentadas diz respeito à criação e implantação de um Programa Setorial de Monitoramento e Melhoria Contínua, previsto no acordo com o MPF. O Protocolo Socioambiental da Indústria da Carne integra esse Programa e prevê a auto-regulamentação do setor, estabelecendo um processo de melhoria contínua em relação aos critérios aplicados na compra de gado.
“Estamos estabelecendo parâmetros comuns para a indústria, e indicando o caminho para a melhoria do controle da cadeia, através de níveis e critérios de controle. Queremos poder demonstrar para a sociedade que nosso setor está organizado e evoluindo”, afirma Fernando Sampaio, diretor-executivo da ABIEC.
Mais informações dos critérios do Protocolo no gráfico abaixo:
Roadmap
Outra apresentação será o Roadmap para o Sistema Agroindustrial da Carne, desenvolvido pela Agroicone. Trata-se de um projeto que discutirá soluções para dois grandes objetivos: a efetiva implementação do Código Florestal e a redução do desmatamento na cadeia da carne.
“Fizemos estimativas preliminares dos custos e investimentos necessários para aumentar a produtividade da pecuária, reduzindo o desmatamento e cumprindo as regras do Código Florestal até 2035. Agora vamos debater as soluções, de forma integrada, para atingir essa meta”, afirma Rodrigo C. A. Lima, diretor geral do Agroicone.
Regularização da Pecuária
O Acordo também prevê o incentivo ao Cadastro Ambiental Rural. No entanto, para ter um retrato do setor em relação à sua regularização, a ABIEC encomendou à Agroconsult uma pesquisa junto aos produtores. A pesquisa foi realizada durante o Rally da Pecuária, principal levantamento privado de dados de produtividade feito pela consultoria em todo o país.
Segundo o coordenador de Pecuária da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, pesquisa realizada durante o Rally ouviu 693 produtores sobre assuntos relacionados à regularização e adaptação ao código florestal. “Mais de 80% dos entrevistados informaram que estão em fase de regularização ou já regularizaram a situação em relação ao CAR. Isso mostra o amplo comprometimento do pecuarista sobre essa questão. Vale ressaltar ainda que os produtores que responderam à pesquisa alcançam o dobro da produtividade da média no Brasil”, afirma Nogueira.