Pecuaristas buscam ganhos de produtividade

O plano de fundo econômico é de ajustes, há incerteza sobre definições políticas e possível queda nos preços da arroba a curto prazo, mas nem por isso o setor agropecuário deixou de investir. Muito pelo contrário.

No mercado, se destacam cada vez mais os que apostam na fórmula básica de redução de custos aliada a ganho de produtividade.

Durante a terceira etapa da edição 2015 do Rally da Pecuária, promovido pela consultoria Agroconsult em parceria com a Sociedade Rural Brasileira (SRB), a reportagem do DCI visitou os municípios de Presidente Prudente (SP), Barretos (SP), Ubera- ba (MG), Santa Helena de Goiás (GO) e Goiânia (GO) por 5 dias de expedição e encontrou alguns destes casos.

Pai de um engenheiro agrônomo que trabalha na fazenda, o produtor mineiro Vermondes Rodrigues mantém uma propriedade de 1,52 mil hectares, sendo 300 hectares de pastagens com sistemas de irrigação subterrânea, adubação a partir dos dejetos de suíno e biodigestores para geração de energia também por meio de dejetos dos animais. Na área são criados gado e suínos além de um cultivo de cana-de-açúcar.

Com isso, o aumento nas tarifas de energia, um dos principais fatores que oneraram a cadeia produtiva nesta safra, não foi totalmente absorvido pelo produtor, pois parte da eletricidade utilizada na propriedade é proveniente de uma tecnologia que recebeu gratuitamente. “Meu filho descobriu um fornecedor europeu que estava com o equipamento em testes e conseguimos de graça algo que custaria pelo menos R$ 800 mil para implantação”, comenta. O processo já é utilizado há seis anos.

Com relação à adubação com o dejeto de suíno, Rodrigues diz que a matéria-prima contém cerca de 17% em proteína, o que representa quase o mesmo percentual de uma ração animal. “Reduzimos custo e na comercialização temos uma parceria com a Seara”, lembra Rodrigues.

Uma forma de ganho de produtividade comum no setor é o uso de tecnologias que suplementem a ração do gado. A técnica é aplicada às 1,63 mil cabeças criadas pelo veterinário e pecuarista José Miguel, em Gouvelândia (GO). Neto de produtor rural José Nascimento Januário, dono da propriedade, o especialista diz que por meio de genética, aditivos minerais e proteinados, os bois adquirem uma engorda excedente de um quilo por dia.

“Por conta de um cruzamento industrial, nossos animais vão para o abate entre 24 e 30 meses, com 18 arrobas”, diz Miguel, sendo que o tempo médio para terminação sem estas tecnologias vai até 48 meses.

Profissionalismo

Na cidade de Presidente Bernardes (SP) está localizada a Agropecuária Vista Alegre, um dos poucos confinamentos que funcionam o ano inteiro por manter, dentre outros atributos, uma infraestrutura coberta para que o bovino seja confinado também no período de chuvas. Só na cobertura foram investidos, em média, R$ 550 por animal, visto que a propriedade – com área total de 634 hectares – tem capacidade para alojamento de 13 mil bois simultaneamente.

“A empresa está fazendo confinamento desde 2009, começou pequeno e vim para cá em 2013. O proprietário já estava com a ideia de explorar o máximo de produção possível e diminuir os riscos operacionais. Assim surgiram estruturas como a cobertura e a adoção de grão úmido na alimen- tação”, afirma o gerente Paulo Fragnito.

O coordenador regional de São Paulo e Triângulo Mineiro da Phibro Brasil e zootecnista, Eduardo Santos, fornece os aditivos utilizados na ração dos animais da Vista Alegre. Ele explica que a alimentação, em geral, é feita com milho processado e seco, o que gera cerca de 80% em forma de energia para o boi. “Quando você umedece o grão a disponibilidade de energia aumenta entre 12% e 15%, ou seja, o alimento torna-se mais digestivo e gado adquire peso melhor.”

Fragnito ressalta que, com o grão seco, perdia-se em torno de 15% do amido (fornecedor de energia) nas fezes. Hoje este percentual caiu para até 3% de perda e a meta é chegar a 1%. A atual estrutura de armazenagem comporta 800 toneladas do alimento processado úmido. Para ela e os demais equipamentos adquiridos recentemente houve um aporte total de R$ 500 mil.

Este tipo de informação só pode ser apurada mediante análise das fezes, outro diferencial da propriedade: a coleta e cálculo de todos os dados gerados na propriedade. Muitos pecuaristas e confinadores não sabem precisar ao certo a quantidade de alimento que é destinada aos animais.

Fonte: Nayara Figueiredo*/Jornal DCI

* A repórter viajou a convite da Agroconsult

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