3,86% DO PASTO ANALISADO NO PAÍS EM 2015 ESTÁ DEGRADADO
O Rally da Pecuária 2015 constatou que 3,86% dos pastos do País estão degradados. De acordo com o coordenador de pecuária da Agroconsult, Mauricio Nogueira, a avaliação considera a amostra em fazendas visitadas e representa área que não pode ser recuperada e demanda que os produtores replantem o capim. “Nesta pastagem já não há mais stand, não há o capim, então não adianta adubar e corrigir”, afirma. A porcentagem está em linha com o verificado em 2014, quando 2,3% dos pastos se encontravam nesta condição.
A expedição deste ano também observou que entre 50% e 80% dos pastos visitados nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia estão em degradação. Nesta faixa, a Agroconsult considera pastos de diferentes qualidades, mas que podem passar por métodos corretivos para serem mantidos ou melhorados. Por sua vez, 19,88% dos pastos estão em qualidade de nível máximo. No ano passado, este porcentual foi de 39,7%. Com a perda da qualidade destas pastagens, o segundo nível de maior qualidade teve seu índice elevado a 36,8%, de 23,5% em 2014.
A análise da Agroconsult também observou que a quantidade de plantas invasoras nas pastagens aumentou. O porcentual de pastos com mais de 1,4 planta deste tipo por metro quadrado subiu a 17,5% do total, de 5,4% no ano passado. Segundo Nogueira, isso se deve à “lotação baixa e ao manejo menos efetivo de pastos” em 2015. Ao todo, 340 pastagens foram avaliadas durante o Rally da Pecuária 2015. (Renato Oselame – renato.oselame@estadao.com)
12% DOS PECUARISTAS TÊM PRODUTIVIDADE ACIMA DE 18 ARROBAS POR HECTARE/ANO
Entre os pecuaristas entrevistados durante o Rally da Pecuária 2015 12% conseguem ter uma produtividade superior a 18 arrobas por hectare/ano. Outros 26% produzem de três a seis arrobas por hectare/ano. São o que a consutoria Agroconsult considera a “média Brasil”. “Somente os 12% realmente têm condições de competir financeiramente com a agricultura de alta tecnologia”, disse a André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult, em entrevista coletiva para apresentar os resultados da expedição.
A maior produtividade destas fazendas ajuda estes produtores a terem uma representatividade significativamente maior no número de abates no País. Segundo a Agroconsult, estes produtores são responsáveis por até 52,2% dos abates. “Isso mais uma vez reforça que a atividade pecuária passa por uma concentração”, avalia o coordenador de pecuária da Agroconsult, Mauricio Nogueira.
Outro dado que corrobora para a teoria é o fato de que 9% dos produtores entrevistados que possuem mais de 5 mil cabeças em suas fazendas respondem por 64% do rebanho e 70,6% dos abates avaliados. A expedição, realizada em parceria com a Sociedade Rural Brasileira (SRB), percorreu 63 mil quilômetros e entrevistou 106 pecuaristas em seu levantamento. (Renato Oselame –renato.oselame@estadao.com)
AGROCONSULT PREVÊ PRODUÇÃO ESTÁVEL DE CARNE BOVINA EM 2015 (+0,58%)
A queda nos abates no Brasil no primeiro trimestre deste ano motivou a Agroconsult a rever suas projeções para a produção de carne bovina no País. Em coletiva de imprensa para apresentar os resultados do Rally da Pecuária 2015, um dos coordenadores da consultoria, Mauricio Barbosa, afirmou que a instituição agora prevê estabilidade, com pequena alta de 0,58%. “Antes projetávamos uma alta de aproximadamente 2% neste ano”, afirmou.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na semana passada indicam que os abates no País caíram 7,7% no primeiro trimestre de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado. Com base nisso, a Agroconsult agora estima que sejam produzidas 10,135 milhões de toneladas neste ano, crescimento de 58 mil toneladas ante 2014. (Renato Oselame – renato.oselame@estadao.com)
RALLY DA PECUÁRIA: CONFINAMENTO DEVE CRESCER 11%, PARA 5,19 MILHÕES DE CABEÇAS EM 2015
A Agroconsult prevê que o confinamento cresça 11% este ano, para 5,19 milhões de cabeças. O dado foi divulgado há pouco, durante coletiva para apresentar resultados do Rally da Pecuária 2015, expedição realizada em parceria com a Sociedade Rural Brasileira (SRB). O número representa um aumento de 520 mil cabeças em relação ao ano passado.
O aumento é explicado pelas melhores perspectivas de preços pagos aos produtores e o menor custo de produção com a dieta animal, segundo a consultoria. “Encontrar o garrote é a única dificuldade dos pecuaristas para o confinamento em 2015”, afirmou Mauricio Nogueira, coordenador do Rally.
Os custos na reposição podem impactar esta modalidade de engorda. Isso tem feito com que a taxa de crescimento dos grandes confinamentos tenha se desacelerado este ano e, em certos casos, há indicativos de retração. Ainda assim, pecuaristas consultados pela Agroconsult durante o Rally se revelam otimistas e declaram ter a intenção de confinar até 5,74 milhões de animais este ano. (Renato Oselame – renato.oselame@estadao.com)
MAIS CAPITALIZADOS, PECUARISTAS PODEM MANTER BEZERROS PARA RECRIA
O grupo de pecuaristas que atua tanto na cria quanto na recria está aumentando no País e isso pode ser uma das explicações para a escassez de bezerros no mercado, disse o coordenador do Rally da Pecuária 2015, Mauricio Nogueira. Nogueira afirma que 8,84% dos pecuaristas entrevistados durante o Rally da Pecuária deste ano realizam as duas atividades. Em sua apresentação, o coordenador não abriu dados de 2014, mas disse que este porcentual está maior. “O criador não entrava na recria porque lhe faltava capital. Com a desmama, ele tinha que vender o animal”, explica. “Mas como a cria está remunerando mais este ano, esse produtor agora tem condições de envelhecer um pouco mais este animal. Criadores começaram a ‘segurar’ os bezerros”, diz.
De acordo com Nogueira, durante a expedição os técnicos da Agroconsult observaram que mais bezerros novos estão entrando em confinamento. “Inclusive o peso médio de entrada no confinamento caiu em duas arrobas”, afirmou. Com pecuaristas investindo em outras etapas da produção pecuária, a oferta de bezerros para produtores que atuam somente nas fases subsequentes deste processo diminuiu – e por isso os preços sobem. (Renato Oselame – renato.oselame@estadao.com)
ABERTURA DE MERCADOS NÃO GARANTE RECORDE DE EXPORTAÇÃO EM 2015
A abertura de mercados à carne bovina brasileira pode elevar as exportações no segundo semestre mas não a ponto de reverter a queda verificada no período de janeiro e maio e garantir novos recordes, avalia Mauricio Nogueira, coordenador de pecuária da Agroconsult. Durante coletiva de imprensa para apresentação de resultados do Rally da Pecuária 2015, realizado pela consultoria em parceria com a Sociedade Rural Brasileira (SRB), Nogueira também relativizou o impacto comercial da abertura do mercado norte-americano aos produtos in natura. “A grande vantagem desse acesso são os outros mercados que vêm junto, como o México e o Japão”, disse.
Segundo o analista, o processo de expansão dos mercados ao produto brasileiro in natura deve causar uma “mudança na estrutura de fornecimento de carne” do País. Para o presidente da SRB, Gustavo Diniz Junqueira, isso significa que mais investimentos serão demandados para que a carne nacional esteja de acordo com os mais elevados padrões internacionais. “O pecuarista precisa se assumir produtor de carne e se preocupar com a ponta final do seu mercado, com o prato do consumidor”, defende.
Nogueira afirma que é difícil prever o impacto da demanda internacional pela carne brasileira no mercado do boi, mas afirma que no primeiro semestre as vendas externas se focaram em cortes dianteiros, o que causou uma sobreoferta de partes do traseiro bovino no mercado nacional – e obrigou frigoríficos a abaterem mais animais para atender a essa demanda específica. Com isso, frigoríficos tiveram de baixar preços do traseiro para o atacado doméstico para escoar sua produção. O analista ressalva também que “cada frigorífico tem um perfil”, de modo que nem sempre essas relações de oferta e demanda são claras. No entanto, ele acredita que as exportações aumentarão ao longo do ano e que a Arábia Saudita também deve retomar suas importações com o fim do Ramadã.
Arroba Para o segundo semestre, Nogueira evita falar em números, mas projeta um momento de pressão sobre a arroba em dado momento. “Parte das fêmeas que não terão bezerros será descartada na segunda metade do ano, porque pecuaristas prolongaram a estação de monta”, disse. Com isso, o analista espera que “a tendência seja de queda”, ainda que em valores maiores que os observados em 2014. Durante a entressafra, Nogueira cogita recuperação de preços quando a oferta estiver reduzida. “Mas não devemos imaginar que haverá outro estouro de preços, como no ano passado. Não acredito em valores acima de R$ 160/arroba”, disse. (Renato Oselame – renato.oselame@estadao.com)