Levantamento realizado durante Rally do Pecuária 2015 aponta para total de 5,19 milhões de cabeças em confinamento
Melhores perspectivas de preços pagos aos produtores e menor custo de produção com a dieta resultarão no aumento do número de animais confinados este ano. Levantamento realizado em campo pelo Rally da Pecuária 2015 mostra que o total deve chegar a 5,19 milhões de cabeças, crescimento de 520 mil cabeças em relação ao ano passado. Mesmo com essa expansão, a intenção é de confinar 5,74 milhões de cabeças, conforme apurado durante o Rally. O número só não será ainda maior porque os grandes confinamentos estão com dificuldades em originar bois magros para terminar no cocho.
Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Gustavo Diniz Junqueira, o Brasil precisa levar ao mundo a ideia de que está se modernizando. “O pecuarista não é mais só pecuarista, é um produtor de carne preocupado com a qualidade do produto final”, disse Junqueira. Para colocar esse potencial em prática, o executivo observa que o País precisa abrir mercado e investir em políticas públicas: “Só vamos conseguir sucesso se levarmos transparência ao consumidor, O Brasil que dá certo é conhecido pelo Rally”, completou.
O Rally trouxe dados também em relação ao abate. A estimativa é um aumento de 245 mil cabeças se comparado com o ano passado, dado que pode influenciar na pressão dos preços pagos ao produtor. A produção de carne, no entanto, deverá ficar praticamente estável (aumento de 0,6%), gerando 58 mil toneladas a mais que em 2014.Sobre a situação dos pastos, o coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira, explica que entre 50% e 80% das áreas nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia apresentam sinais de degradação, porém apenas 4% estão efetivamente degradas. “Classificamos os pastos em cinco níveis de qualidade. O pior nível é o que classificamos como degradado, quando não há mais stand de plantas suficientes para recuperação, ou seja, o pasto deve ser reformado. Quanto antes o produtor interferir nesse processo, menor o custo e o risco ambiental”, explica. No momento em que estiveram em campo, técnicos do Rally detectaram também maior volume de pasto por animal em comparação ao ano passado. “Choveu na maior parte das regiões pecuárias, o que favorece a rebrota do pasto e a disponibilidade de capim. Verificamos que a sobra de massa de pasto não consumido em 2015 é muito maior do que se esperava, em torno de 10% da matéria seca. Em anos anteriores, esse volume variou de 35% a 50%. Essa informação reforça o conceito defendido pela Agroconsult, organizadora do Rally da Pecuária, de que a massa de capim compensa as emissões de carbono, sequestrando mais que o bovino pode emitir”, esclarece o coordenador do projeto. Investimento em iLPFProdutores entrevistados durante o Rally da Pecuária apontaram que, do total de 1,04 milhão de hectares de pastagens, 45 mil hectares são voltados à integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF). Há intenção de começar novos projetos de iLPF em 36,8 mil hectares nos próximos anos. Já sob o ponto de vista dos agricultores, a integração é vantajosa e há planos de investimento nesse sistema. “A integração com pecuária está presente ou nos planos de 50% das fazendas que responderam questionários do Rally da Safra 2015, ou seja, 380 produtores do Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Paraná. Os mesmos agricultores indicam que 35,6% dos animais serão terminados em confinamento”, complementa André Pessôa, sócio diretor da Agroconsult, que também organiza o Rally da Safra.O Rally da Pecuária, principal levantamento técnico privado sobre as condições da bovinocultura no País, tem como objetivo realizar uma avaliação completa, in loco, das áreas de cria, recria, engorda e confinamento. Ao todo, seis equipes técnicas avaliaram a quantidade de animais confinada em 2014, a intenção de confinamento em 2015, índices zootécnicos, a oferta de animais de reposição, gado para abate e as condições das pastagens, fazendo amostras e avaliações aleatórias de 340 pastos diferentes. Nas quatro edições do Rally da Pecuária foram avaliadas e amostradas 1175 pastagens.O Rally é planejado para visitar regiões com a maior densidade de bovinos, de acordo com imagens geradas pela Agrosatélite, empresa do grupo Agroconsult. Os 11 estados visitados respondem por mais de 83% do rebanho bovino e 90% da produção nacional de carne. As equipes visitaram propriedades e entrevistaram 106 produtores.As entrevistas mostraram, entre outros dados, áreas de pastagem e de agricultura em cada propriedade, total de cabeças de gado, estratégias nutricionais, confinamento, índices de fertilidade, natalidade e mortalidade, manejo sanitário e de pastagens e comercialização de animais.Encontros com pecuaristas Os técnicos percorreram 63 mil quilômetros e realizaram 16 encontros – eventos regionais para discussão de tendências de mercado, cenários e iniciativas para aumentar a rentabilidade na pecuária, e o Circuito Rural – que contaram com a participação de cerca de 2,2 mil pecuaristas. Durante os eventos foram preenchidos 574 questionários com indicadores técnicos e informações relevantes sobre pecuária. Além de tendências de mercado, o Circuito Rural discutiu com os pecuaristas temas como: “21 arrobas em 24 meses: conheça o boi 7-7-7”; controle de invasoras e pastagens de alto desempenho; correção, fertilização e garantia da longevidade das pastagens; crédito, financiamento e linha ABC para a pecuária; a sucessão familiar no contexto da modernização contínua da gestão na fazenda; custos, resultados e tendências da aplicação de tecnologia na pecuária.Realizado pela Agroconsult em parceria com a Sociedade Rural Brasileira, o levantamento técnico é patrocinado por Dow AgroSciences, Fertilizantes Heringer, Phibro Animal Health, Volkswagen e Banco do Brasil, com apoio da FIESP, AgroSatélite, AgroIpes, Associação Nacional dos Confinadores (ASSOCON) e Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). O trabalho das equipes e o roteiro completo da expedição podem ser acompanhados pelo site www.rallydapecuaria.com.br, com informações atualizadas diariamente pelo www.twitter.com/RallydaPecuaria e www.