São Paulo, 07 de Abril de 2016
Com um aumento médio de 20% nos custos de produção, a pecuária brasileira deve viver um período de concentração de mercado no setor segundo estimativa da consultoria Agroconsult.
Durante a abertura do Rally da Pecuária 2016, que percorrerá este ano 60 mil km entre 11 de abril e 10 de junho para averiguar as reações dos produtores frente a tal cenário, o coordenador de pecuária da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, alertou para o precesso pelo qual o mercado brasileiro passa hoje.
“A tendência é a vida ficar cada vez mais dificil para o grupo que não faz tecnologia. Existe uma parcela de produtores que concentram a maior parte do aumento de produtividade e tornando mais difícil a vida de quem ficou pra trás”, destacou Nogueira.
De acordo com os números da Agroconsult baseados no Rally da Pecuária de 2015, além de possuírem um maior número de cabeças de gado por hectare, os produtores com uma produtividade acima de 18@/hectare/ano adotam práticas de cuidado com o pasto e com os animais muito mais avançadas, ganhando ainda mais produtividade e participação de mercado.
A Agroconsult avalia que esses produtores concentram mais de 40% de participação nas vendas de animais. As diferenças são constatadas também no trato com os animais. Enquanto mais de 50% dos produtores com produtividade acima de 18@/hectare/ano possuem rebanhos em confinamento total, apenas 11% realizam a mesma medida na média nacional.
“Acredito que hoje a maior restrição do produtor que não faz tecnologia não é porque ele não quer, mas porque ele não está conseguindo”, avalia Nogueira ao ressaltar que isso ocorre com o público que o Rally consegue acessar. “Se eu for falar do público médio nacional, o povo ainda é alienado à tecnologia e não sabe o que fazer”, ressalta.
Ele avalia que de 1,7 milhões de produtores, apenas 250 devem manter “condições de sobrevivência” no longo prazo se mantida a situação atual do país, gerando uma maior concentração de mercado no país.
“Ou se começa a fazer propaganda e abrir o consumo de carne bovina ou vamos ter uma dinamite no campo de quem não fizer tecnologia. Essas pessoas serão expulsas do setor” alerta Nogueira.
Entre as razões para a não adoção de tecnologia na média nacional, Nogueira aponta as mais diversas, desde o conservadorismo e desconfiança do produtor até o desconhecimento de métodos de criação mais modernos como a Integração Lavoura e Pecuária (iLFP).
Enquanto a média de iLFP do total de produtores ouvidos no Rally da Pecuária de 2015 foi de 4,1%, entre aqueles com produtividade acima das 18@ esse índice foi de 9,3%.
“O produtor que faz Integração Lavoura e Pecuária vai para um patamar tecnológico maior. Se pegarmos o movimento de agricultores que estão entrando nesse sistema, a tendência é que você tenha produtores maiores e maior tecnologia fazendo esse movimento”, avalia Nogueira.
Segundo ele, entre esse perfil de produtor mais informado, os investimentos não estão acontecendo por falta de margens após o aumento nos custos de produção como milho e energia.
“Apesar de o resultado ser muito melhor quando se faz mais tecnologia, é preciso investir para chegar lá. E na pecuária o próprio animal demanda um investimento muito alto. Toda a estrutura de confinamento é mais barata que o próprio animal por cabeça e por isso o fluxo de caixa é muito important. O produtor melhorou nos últimos anos, mas é um processo lento.”, conclui Nogueira.
Fonte da Notícia
EFE Agro