Araguaína, TO, 18/05/2016 – A alta do preço do milho e a estiagem na região Centro-Oeste do País preocupam pecuaristas brasileiros e devem influenciar negativamente na oferta de boi gordo no segundo semestre deste ano, avalia Maurício Palma Nogueira, coordenador do Rally da Pecuária e sócio da Agroconsult. Ele iniciou nesta terça-feira (17) a sexta etapa da edição 2016 do evento, que percorre todo o País visitando e entrevistando pecuaristas. O Broadcast Agro acompanha esta equipe, que vai passar pelos municípios de Araguaína (TO), Xinguara (PA), São Félix do Xingu (PA), Redenção (PA), Vila Rica (MT), Querência (MT) e Sinop (MT).
“A grande preocupação do produtor este ano é o milho, mas ele busca alternativas”, disse Nogueira. Segundo ele, em Tocantins, por exemplo, um pecuarista trouxe polpa cítrica de outros Estados para usar como suplementação para ração do gado. Com o avanço das exportações e, agora, com a perspectiva de quebra da segunda safra de milho, por causa da falta de chuvas, o preço do cereal disparou no País. O grão é o principal insumo usado na suplementação do boi no pasto e, principalmente, no confinamento.
Nogueira disse ainda que os trechos percorridos até agora pelo Rally mostraram pastagens muito secas no Centro-Oeste do País. “Tem a crise financeira do País que também preocupa os produtores e deixa dúvidas se vale a pena investir ou não no boi”, afirmou. Nogueira afirma que o cenário será de pouca oferta de animais no segundo semestre deste ano e também de preço sustentado da arroba.
No Rally da Pecuária deste ano se discute o uso de tecnologia no campo e seu uso para aumentar a rentabilidade do produtor. “No Pará vamos ver uma situação interessante. No passado, a situação ficou tão complicada que forçou o pecuarista a apostar em tecnologia”, disse. Na região de Xinguara – município que será visitado pela equipe nesta quarta-feira (18) -, os produtores enfrentam um problema específico com a proliferação do ‘capim-duro’, uma planta invasora que é de difícil combate nas pastagens.
Nogueira contou ainda que percebeu nesta edição pecuaristas mais abertos a tratar de assuntos antes pouco comentados, como mercado futuro (investimentos na BM&FBovespa) e interação com frigoríficos.
No total do Rally da Pecuária 2016 serão percorridos cerca de 60 mil quilômetros, com a realização de 13 eventos para discutir tendências de mercado, cenários e iniciativas para aumentar a rentabilidade na pecuária, em tópicos como sanidade, nutrição, controle de invasoras, índices zootécnicos (reprodução), garantia da fertilidade do solo, qualidade das pastagens, estratégias de hedge, confinamento. (Camila Turtelli*)
(*a repórter viaja a convite do Rally da Pecuária)