Globo Rural-Discutindo o futuro da pecuária

POR SEBASTIÃO NASCIMENTO, DE SÃO PAULO (SP)

Tomei conhecimento de uns números importantes no seminário que a Agroconsult e o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) promoveram nesta terça-feira, dia 16, em São Paulo. Por sinal, a empresa deconsultoria em agronegócio e o GTPS firmaram uma “parceria” para discutir as perspectivas da pecuária.

Maurício Nogueira, diretor da Agroconsult, me disse que a ideia inicial era apenas realizar uma reunião, porém, o assunto pecuária está em ebulição e virou seminário. Muita gente compareceu.

Outro diretor da Agroconsult, André Pessoa, apresentou números que mostram que o Brasil possui 1,7 milhão de pecuaristas. O levantamento é de 2006 e Pessoa acredita que houve mudanças nesses 10 anos.

De 1,7 milhão de pecuaristas, 50 mil operam com muita tecnologia e obtém lucratividade robusta. Já 250 mil tocam a atividade em níveis tecnológicos que viabilizam economicamente a sua sobrevivência, enquanto a grande maioria, 1,4 milhão, é carente de tecnologia e muitos deles trabalham no vermelho.  Sua atividade, portanto, é insustentável, explica Pessoa.

Dá ideia do precipício que separa os que estão na dianteira dos que vêm depois, a produtividade dos primeiros, que é duas vezes superior à média nacional.
Segundo Pessoa, a sustentabilidade não será alcançada pelos que não detém tecnologia. “Haverá exclusão de muitos produtores. Socialmente, será uma tragédia.”

Como retardar esse processo? Tanto Pessoa, como Fernando Sampaio, diretor do GTPS propõem políticas públicas, entre outras alternativas, visando melhorar as condições daqueles que correm risco se der excluídos. Até hoje, as políticas são inexistentes, eles enfatizam.

O que pode acontecer também é os descapitalizados da pecuária negociarem suas terras para a introdução de lavouras lucrativas, como a de soja, afirma Pessoa.

Falando de soja. Bernardo Rudorff, diretor do AgroSatélite, de Florianópolis (SC), trouxe números que mostram que o Bioma Cerrado (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Matopiba) foi responsável por 51,9% (15,66 milhões de hectares) da área plantada no Brasil na safra 2013/2014. Segundo Rudorff, o estoque de terras com alta aptidão para expansão da soja no bioma Cerrado é de 40,81 milhões de hectares, dos quais 15,45 milhões de hectares são de vegetação nativa e 25,36 milhões de hectares são de áreas antropizadas, ou seja, foram alteradas por ação do homem.

O Cerrado é o segundo maior bioma do país com uma área de 204 milhões de hectares, o que representa ¼ do território, e avança sobre 11 estados, mais o Distrito Federal, segundo trabalho apresentado por Rudorff.

O estudioso tem outros dados interessantes e originais. Eu  volto a falar com ele.
O seminário questionou se “a pecuária está preparada para o sucesso?”. Fernando Sampaio me respondeu que sim. “Uma parcela pequena de produtores já consegue atender as exigências de tecnologia e de capital. Vamos trabalhar para reunir mais pecuaristas.” Sampaio lembrou o incremento nas vendas internacionais de carne e a necessidade de aumentar a produção.

Fonte da Notícia
Globo Rural

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