A Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (AEASP) anunciou os profissionais que serão homenageados na Cerimônia da Deusa Ceres, uma das mais importantes solenidades do meio, que será realizada no próximo ano.
Os homenageados foram eleitos pelo Conselho Deliberativo e pela Diretoria da AEASP, por meio de proposta fundamentada dos associados e de entidades ligadas ao setor.
O prêmio é um reconhecimento da contribuição desses engenheiros agrônomos atuantes nos diversos segmentos da agropecuária brasileira.
Os profissionais escolhidos serão agraciados com as medalhas Fernando Costa e Joaquim Eugênio de Lima, além do Troféu da Deusa Ceres, principal láurea do evento, entregue ao Engenheiro Agrônomo do Ano.
O título de Engenheiro Agrônomo do Ano é concedido pela AEASP há 45 anos e a Medalha Fernando Costa, desde 1991. Já em 1994, foi criada a Medalha Joaquim Eugênio de Lima. Conheça os nove profissionais que entraram para a galeria dos engenheiros agrônomos reconhecidos pela AEASP.
Engenheira Agrônoma do Ano
Tsai Siu Mui, 68 anos, é a grande vencedora do título máximo da Deusa Ceres. Engenheira agrônoma, mestre em ciências, doutora em agronomia, livre-docente em biotecnologia vegetal e professora titular em ecologia microbiana, Tsai é a primeira mulher a assumir o cargo de diretora do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, e a segunda a receber o troféu de Engenheira Agrônoma do Ano, da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (AEASP). A pioneira foi Veridiana Victoria Rosseti, em 1982.
A engenheira agrônoma nasceu em Macau, na China, e veio para o Brasil quando tinha apenas 6 anos. O pai era engenheiro florestal e foi sua grande inspiração para seguir na agronomia.
Durante a infância e parte da adolescência, Tsai viveu em cidades como Mogi das Cruzes (SP), Araxá (MG) e Feira de Santana (BA). Aos Seleção ilustre 17 anos, mudou-se para Piracicaba (SP), onde se formou em engenharia agronômica pela ESALQ-USP (1971), e reside até hoje.
Mãe de quatro filhos, dois dentistas e dois médicos, a engenheira agrônoma do ano é professora titular da USP desde 2006. É também membro do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Agronegócio, representante do setor acadêmico-científico do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Comitê Assessor do Programa Ciência Sem Fronteiras, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências.
AS MEDALHAS FERNANDO COSTA
Ação Ambiental
O engenheiro agrônomo e advogado José Olympio Salgado Veiga, 84 anos, foi o indicado para receber a Medalha Fernando Costa, pela sua atuação na área de meio ambiente. O mineiro de Lavras é formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Lavras (1958) e em Direito pela Universidade São Francisco, de Bragança Paulista (1973). Estudioso, ele ainda tem cursos de especialização em áreas como administração pública, sanitarismo, engenharia agrícola, saúde pública, conservação do solo, proteção de recursos naturais, dentre outros.
Em sua longa e bem-sucedida carreira profissional, José Olympio ocupou diversos cargos de chefia e coordenadoria em órgãos públicos e foi o precursor da política ambiental em vigor no Estado de São Paulo. Trabalhou na implantação do Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DPRN) da Secretaria do Meio Ambiente, do qual se tornou diretor. Em 1980, deu início à implantação das unidades regionais, antes a operação era centralizada na capital paulista. Criou 18 associações de recuperação florestal no Estado para atuarem com a reposição florestal oriunda dos consumidores de produtos florestais.
Assistência Técnica e Extensão Rural
Nascido em Barretos, interior de São Paulo, Carlos Alberto De Luca, 57 anos, é casado e pai de dois filhos. Ingressou no curso de Engenharia Agronômica, da Escola Superior de Agricultura de Lavras (MG), em 1979.
Cinco anos depois, iniciou a sua carreira na Casa de Agricultura de Riolândia (SP), onde permaneceu até 1995. Nesse mesmo ano, assumiu o cargo de supervisor sub-regional do escritório de agricultura em Votuporanga (SP), onde vive desde então.
Especialista em irrigação e drenagem pela mesma universidade onde se graduou, o engenheiro agrônomo ainda é membro da Comissão Técnica de Seringueira do Estado de São Paulo e da Câmara Setorial da Borracha de São Paulo. Outro destaque em JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO 17 especial | sua carreira foi a presidência da Comissão Técnica de Seringueira do Estado de São Paulo, entre os anos de 2010 e 2014.
Atualmente, De Luca é diretor técnico de divisão no Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Votuporanga, cargo que ocupa desde 2007.
Cooperativismo
Nascido em Jaboticabal, o engenheiro agrônomo José Antonio de Souza Rossato Júnior, 36 anos, foi o destaque na área de cooperativismo em 2017. Além de produtor rural, acumula os cargos de diretor-presidente da Coplana, vice-presidente da Socicana, docente de ensino superior na graduação e pós-graduação da Faculdade Dr. Francisco Maeda (Fafram), em Ituverava (SP). Também é professor do Programa de Mestrado Profissional em Administração da Unesp, campus de Jaboticabal, responsável pela disciplina de Cooperativismo com Governança.
Em 2003, integrou a coordenação do Núcleo de Jovens Lideranças da Coplana – Cooperativa Agroindustrial. Ainda na Coplana, foi coordenador do Núcleo de Cooperados por dois anos e, desde 2011, tem atuado como membro do Conselho de Administração. No associativismo, integra o Conselho da Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba) desde 2014.
Embora jovem, Rossato Júnior já possui quatro títulos acadêmicos: graduação em Agronomia (2006), pós-graduação em Entomologia Agrícola, com o mestrado (2009) e o doutorado (2012) pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Jaboticabal.
O engenheiro agrônomo realizou estágio de graduação no USDA na University of California, doutorado sanduíche na University of Nebraska, Lincoln, e pós-doutorado na University of Alberta, Edmonton. Trabalhou na DuPont-Pioneer Seeds entre 2006 e 2007.
Defesa Agropecuária
Nascido na capital paulista, o engenheiro agrônomo Antonio Tubelis, 80 anos, receberá a homenagem como destaque em Defesa Agropecuária.
Professor titular aposentado da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e consultor agropecuário, Tubelis graduou-se na ESALQ-USP, turma de 1963. No ano seguinte, já estava trabalhando para o Serviço Nacional de Meteorologia do Ministério da Agricultura.
Em 1966, foi contratado como professor instrutor do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. Também atuou na Universidade Federal de Uberlândia e de Brasília, dentre outras.
Em 1989, Tubelis começou a pesquisar a Clorose Variegada dos Citros, doença conhecida como “Amarelinho dos Citros”. Em 1996, já havia concluído a primeira comprovação experimental, em laborató- rio, sobre a causa da doença. Segundo suas conclusões, tratava-se de efeito colateral de aplicação de insumos agrícolas.
Em 2003, instalou uma área experimental na Fazenda Santa Irene, em Bebedouro (SP), de propriedade da Fundação Abílio Alves Marques, para comprovar as causas indutoras da doença. Os resultados experimentais foram publicados em 2006 sob o título: Recuperação e Renovação de Pomar com “Amarelinho” dos Citros.
Em dezembro de 2006, passou a estudar o Greening (Huanglongbing/HLB), a mais destrutiva doença dos citros no país. Os estudos se estenderam até 2009, quando o engenheiro agrônomo publicou o livro Greening dos Citros, Prevenção e Controle.
O projeto de produção da primeira superlaranjeira no Brasil foi iniciado em 1989 e Tubelis fez parte da equipe técnica. Sob o patrocínio da Citovita Agrícola, o trabalho envolvia a USP e a Unesp. O objetivo era desenvolver uma laranjeira livre de parasitas intracelulares, com potencial de produção dez vezes maior que os pomares existentes no Estado de São Paulo. As superlaranjeiras produzidas foram entregues para a financiadora do projeto. Tubelis lembra que a tecnologia foi absorvida pelas demais instituições brasileiras de pesquisa.
Ensino
Maria Helena Calafiori, 74 anos, professora mestre do Centro Regional Universitário de Espírito Santo de Pinhal (UniPinhal), foi a indicada para receber a honraria na área de ensino. Nascida em Socorro, interior paulista, a engenheira agrônoma estudou na ESALQ-USP, turma de 1968. Na mesma instituição, se especializou na área de fitotecnia e concluiu o mestrado em Entomologia Agrícola. Calafiori é professora do Curso de Engenharia Agronômica na UniPinhal há 46 anos. Na mesma universidade, entre 2000 e 2011, foi coordenadora de pesquisa e extensão. Nos anos 1990, foi editora-chefe da Revista Ecossistema.
A engenheira agrônoma divide o seu tempo entre as aulas de Entomologia Agrícola, a coordenação do Curso de Engenharia Agronômica e as pesquisas na área de entomologia e praticabilidade agronômica de laudos para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Iniciativa Privada
Maurício Palma Nogueira nasceu em Casa Branca, interior de São Paulo, onde viveu até mudar-se para Piracicaba (SP) para estudar Engenharia Agronômica. Formou-se na ESALQ-USP, turma de 1997.
Já em 1998, Nogueira entrou para Scot Consultoria e, com apenas dois anos de empresa, se tornou sócio. Em 2008, desligou-se da Scot e fundou a Bigma Consultoria, focada em projetos, consultoria de mercado e análise de cenários para a pecuária.
Dois anos depois, Nogueira foi convidado pela Agroconsult para atender às demandas por projetos na área de pecuária, entre elas, a elaboração da metodologia e a coordenação das últimas seis edições do Rally da Pecuária. Em 2013, após o sucesso do Rally da Pecuária, a Bigma e a Agroconsult se fundiram e ele passou a integrar o quadro de sócios da Agroconsult.
Em 20 anos de carreira, o engenheiro agrônomo escreveu seis livros (autoria exclusiva e em coautoria) e outros 27 capítulos em publicações direcionadas à pecuária. Realizou cerca de 700 palestras e publicou 800 artigos sobre mercado, gestão, sustentabilidade e análise econômica da produção pecuária.
Pesquisa
Marcos Guimarães de Andrade Landell nasceu em Campinas (SP) em 23 de julho de 1957. Atualmente, vive em Ribeirão Preto (SP) e trabalha como pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Na mesma organização, ele exerce os cargos de coordenador do Programa Cana e do Grupo Fitotécnico de Cana e é diretor do Centro de Cana. O profissional também é presidente da Comissão Técnica Sucroenergética do Estado de São Paulo.
Engenheiro agrônomo formado pela Unesp-Jaboticabal, turma de 1979. Dez anos depois, na mesma instituição, concluiu o doutorado em Agronomia Produção Vegetal.
O engenheiro agrônomo esteve à frente do processo de criação de 27 novas cultivares de cana-de-açúcar liberadas nos últimos dez anos.
Coordenou a publicação de dois livros e é autor de 23 capítulos em outras publicações. Também publicou 103 artigos em periódicos especializados, 85 trabalhos em anais de eventos e 35 produções bibliográficas, como boletins técnicos. Sua atuação na pesquisa da canade-açúcar lhe rendeu 18 prêmios e homenagens.
Medalha Joaquim Eugênio de Lima
O engenheiro agrônomo José Flávio Machado Leão, 68 anos, é natural de Piracicaba (SP) e um dos pioneiros do paisagismo no Brasil. Ainda estudante, na ESALQ-USP, onde se formou em 1971, fundou a empresa Propark Paisagismo e Ambiente, onde tem desenvolvido projetos e executado inúmeras obras públicas e particulares em vá- rias regiões do país desde a sua inauguração, há mais de 40 anos.
Especialista em macropaisagismo e conservação dos recursos naturais, José Flávio coordenou as mais diversas obras de parques, praças, jardins e arborização urbana. Executou, ainda, inúmeros projetos de restauração ecológica, recuperação de áreas degradadas e planos de manejo para unidades de conservação. Foi um dos primeiros a trabalhar pela implantação do conceito de paisagismo sustentável no Brasil, atuando, inclusive, como consultor técnico de projetos e obras, buscando a certificação para construções sustentáveis (selos LEED e AQUA).
Na década de 1980, participou da criação da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento em Piracicaba e, depois, como secretário de Serviços Públicos de Piracicaba, foi responsável pela instalação do Parque da Rua do Porto e pela restauração da Casa do Povoador, transformando-a em Centro Cultural.
Foi também na ESALQ, em 1994, que José Flávio defendeu a sua dissertação de mestrado sobre a Estação Ecológica de Ibicatu, fornecendo subsídios para a elaboração do seu plano de manejo. Na sua tese de doutorado (2007), analisou a instalação de jardins sensoriais, com facilidades para utilização por deficientes visuais.
Além de ser professor convidado em cursos realizados pela ESALQ-USP, José Flávio é coordenador dos cursos de Paisagismo e Ambiente, realizados por intermédio de uma de suas empresas, a Propark Educacional. É autor de diversos artigos em revistas e jornais e, juntamente com seu filho e sócio da Propark, o também engenheiro agrônomo Marcelo Machado Leão, escreveu o livro Conservação da Natureza, editado pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz. É ainda responsável pela gestão de um projeto de inovação tecnológica financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).